sábado, 13 de junho de 2009

Demócrito, Schopenhauer e Bozo.

Há fases na vida de todo cidadão onde temos a impressão que nada que façamos dá certo. São aqueles momentos onde o óbvio se faz improvável, caracterizado pelas ocorrências típicas que só acontecem com aquele sujeito que “chutou macumba em encruzilhada”.

Recorrendo a filosofia, me recordo de dois filósofos gregos de atitudes diametralmente opostas: Heráclito e Demócrito. Diante da miséria humana, Heráclito chorava enquanto Demócrito ria. Faz todo sentido visto que em todo acontecimento, por mais lamentável que seja, coexistem aspectos positivos e negativos. Vivencia-se aí algo parecido como as ridículas Videocassetadas do Faustão, onde uma situação no mínimo constrangedora (quando não envolta em alto grau de periculosidade) é explorada de forma cômica e provoca riso em quem assiste (e quase sempre dor em quem protagoniza). Temos a interação entre tragédia e comédia: uma só situação provoca choro ou riso, de acordo com a disposição (ou contexto) de quem a enfrenta.

Importante ainda acrescentar que a visão do ser humano enquanto ente extremamente egocêntrico dita a obra de diversos filósofos desde o século XVII. Thomas Hobbes considerava a humanidade violenta, competitiva, em constante conflito e preocupada com seus interesses pessoais. Abro um parêntese para ressaltar que Hobbes, que em suas obras descartava qualquer vestígio de bondade humana, certa feita foi flagrado dando esmola a um mendigo; questionado por esse impulso generoso, alegou que não estava ajudando o indigente e sim a si próprio dada sua consternação diante da miséria daquele homem.

Isso resulta na vida como ela é: uma série de absurdos e patifarias que fazem parte do nosso cotidiano. A retribuição odiosa daquele que você beneficiou; a onipresença da inveja, da frivolidade e da mesquinharia. Você “tropeça” e percebe a alegria mal disfarçada dos inimigos e até de alguns amigos (como disse La Rochefoucauld: “Sempre encontramos uma razão de alegria na desgraça de nossos amigos”).

Diante disso, há duas alternativas. Você pode chorar, dedicando o resto dos seus dias em movimentos que alternem os gemidos de autopiedade e o consumo de antidepressivos de última geração. Ou então, você pode simplesmente rir.

Arthur Schopenhauer, o grande filósofo do pessimismo, aquele que definiu o nascimento como a pior coisa do mundo, reconhece sabedoria na jovialidade. “Acima de tudo, o que nos torna mais imediatamente felizes é a jovialidade de ânimo, pois essa boa qualidade recompensa a si mesmo de modo instantâneo” escreveu ele.

Um passo essencial para a jovialidade, é dar menos importância à opinião dos outros sobre nós. Somos escravos da opinião alheia e isso nos faz inimigos de nós mesmos. Se um dia seu chefe te cumprimenta no elevador, você ganha o dia; quando ele passa e te ignora, você perde a semana. Mais relevante do que o que os outros pensam sobre nós é o que pensamos sobre nós mesmos. Não adianta o mundo inteiro te reverenciar se, ao olhar no espelho, você não respeita o que vê.

Outro ponto fundamental é sempre procurar o lado positivo das coisas e encarar as situações com alegria. Voltando a citar Schopenhauer: “Quem é alegre tem sempre razão para ser alegre... nada pode substituir tão perfeitamente qualquer outro bem quanto essa qualidade, enquanto ela mesma não é substituível por nada”.

No curto prazo, nós queremos a mulher mais gostosa do mundo; no longo prazo, só ficaremos com aquela que nos faça rir. Entre o otimismo gratuito de Demócrito e o pensamento lúgubre de Schopenhauer, há de se lembrar do conselho de Bozo, o palhaço... sempre rir, é melhor sempre rir.

2 comentários:

  1. Bozo sim é um filósofo, os outros autores citados são uns palhaços.

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  2. Bozo sim é um filósofo, os outros autores citados são uns palhaços.

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